Com fluxo de caixa livre de US$ 5 bilhões e endividamento controlado, estatal reforça foco em exploração e refino
A Petrobras (PETR4) encerrou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de US$ 6,0 bilhões, alta de 27% em relação ao 2T25, sustentada pelo aumento da produção de petróleo e pela expansão das exportações. Mesmo com o Brent recuando 14% em um ano, a companhia manteve EBITDA ajustado de US$ 11,9 bilhões e fluxo de caixa livre positivo de US$ 5 bilhões, confirmando a capacidade de geração operacional em um cenário de preços mais baixos e custos crescentes.
A produção total atingiu 3,14 milhões de barris de óleo equivalente por dia, um crescimento de 8% sobre o trimestre anterior, impulsionado pelo pleno ramp-up dos FPSOs Almirante Tamandaré e Marechal Duque de Caxias, no pré-sal da Bacia de Santos. Em outubro, as plataformas do campo de Búzios superaram 1 milhão de barris diários, consolidando o ativo como o principal vetor de crescimento da empresa.
No trimestre, a Petrobras investiu US$ 5,5 bilhões, aumento de 24% em relação ao 2T25 — o maior volume desde 2015. O destaque foi a continuidade do programa de construção de novas plataformas (P-78, P-79, P-80, P-82 e P-83), além da modernização do parque de refino, com o Projeto Boaventura, que integra a REDUC e visa ampliar a produção de combustíveis premium.
A companhia encerrou setembro com dívida líquida de US$ 59 bilhões, equivalente a 1,5x o EBITDA, mantendo o endividamento em patamar confortável frente ao ciclo de investimentos em curso. O caixa consolidado somava US$ 11,7 bilhões, mesmo após o pagamento de US$ 2 bilhões em dividendos e US$ 4,9 bilhões em Capex.
O desempenho reforça o posicionamento da estatal como geradora de caixa consistente, mesmo em contexto de Brent mais baixo e custos regulatórios mais altos. A empresa pagou R$ 68 bilhões em tributos no trimestre e aprovou US$ 12,2 bilhões em dividendos, reafirmando o compromisso de retorno aos acionistas.
Para o mercado, os resultados indicam resiliência operacional e disciplina financeira, embora o aumento da dívida bruta para US$ 70,7 bilhões e o custo médio de 6,7% ao ano sinalizem atenção à trajetória de endividamento em meio ao ciclo de expansão.
A Petrobras mantém a estratégia de priorizar o pré-sal, responsável por 78% da produção total, e de diversificar gradualmente a matriz, com investimentos em gás natural e projetos de energias de baixo carbono, que somaram US$ 227 milhões no trimestre.
Em um ambiente global de incerteza e transição energética, a estatal demonstra força financeira e consistência operacional, conciliando crescimento, distribuição de dividendos e sustentabilidade — um equilíbrio raro entre petroleiras globais.

