As cooperativas de crédito seguem em forte expansão no Brasil e vêm crescendo quase o dobro do ritmo dos bancos tradicionais, segundo o Banco Central (BC). O avanço ocorre mesmo com o aumento das exigências regulatórias e reforça o papel das cooperativas como um dos principais instrumentos de inclusão financeira e desenvolvimento regional do país.
Em live do BC, Adalberto Felinto da Cruz Junior, chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias (Desuc), e Ivens Arua Neves de Miranda, chefe-adjunto do departamento, destacaram que o setor cresceu 21% em ativos totais em 2024, enquanto o sistema financeiro nacional avançou 13%.
“Enquanto o sistema financeiro tradicional reduz agências, o cooperativismo avança e chega a municípios onde não há bancos. Cerca de 500 municípios brasileiros contam apenas com cooperativas”, afirmou Felinto.
O Brasil tem hoje mais de 20 milhões de cooperados e 10 mil postos de atendimento, presentes em mais de 3 mil municípios.
Crescimento anticíclico e impacto local
Os representantes do BC destacaram o caráter anticíclico das cooperativas: elas mantêm a concessão de crédito mesmo em períodos de retração econômica.
“O cooperado não é cliente, ele é dono. Essa relação de proximidade gera confiança e faz com que os ganhos retornem à própria comunidade”, explicou Felinto.
Estudos citados pelos técnicos apontam que municípios com cooperativas de crédito têm maior renda e menor pobreza. Em algumas localidades, as cooperativas também apoiam projetos sociais, como escolas, hospitais e postos de saúde.
Regulação e desafios
O setor é fortemente supervisionado pelo Banco Central, atendendo às mesmas normas prudenciais dos bancos, incluindo regras de capital, liquidez e padrões de Basileia. Além disso, conta com camadas adicionais de controle, como auditorias independentes, supervisão pelas centrais de crédito e a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que assegura depósitos de até R$ 250 mil.
Entre os desafios, os executivos apontaram a digitalização como prioridade, sem perder a essência local do cooperativismo.
“O desafio é manter o senso de pertencimento no ambiente digital, conciliando a presença física com a eficiência tecnológica”, disse Ivens Miranda.
Ano Internacional das Cooperativas
O debate ocorre em um momento simbólico: 2025 foi declarado pela ONU o Ano Internacional das Cooperativas, que também marca 20 anos da criação do Desuc, departamento do BC responsável pela supervisão do segmento.
