Setor ainda está 14,8% abaixo do pico histórico de 2011; alimentos e extrativas evitam queda maior
A produção industrial brasileira recuou 0,4% em setembro de 2025, na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE. A queda eliminou parte do avanço de 0,7% registrado no mês anterior e mostrou perda de fôlego na recuperação do setor, que segue 2,3% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 14,8% abaixo do recorde histórico, de maio de 2011.
Na comparação com setembro de 2024, a produção cresceu 2,0%, mas o resultado acumulado do ano mostra avanço mais modesto, de 1,0%, e alta de 1,5% em 12 meses, sinalizando desaceleração em relação aos meses anteriores (1,6% em agosto e 2,8% em maio).
Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o comportamento recente do setor tem sido irregular: “Entre abril e julho, a indústria acumulou perda de 1,3%. Em setembro, voltamos a registrar retração, influenciada principalmente por segmentos de peso como a indústria farmacêutica, extrativa e automobilística”.
Essas três atividades — que juntas respondem por cerca de 23% da estrutura industrial brasileira — tiveram recuos de -9,7%, -1,6% e -3,5%, respectivamente. O setor farmacêutico interrompeu quatro meses de crescimento, enquanto o extrativo intensificou a queda do mês anterior e o automotivo devolveu parte do ganho acumulado entre junho e agosto (+3,7%).
Apesar da retração em 12 das 25 atividades pesquisadas, o segmento de alimentos (1,9%) exerceu o principal impacto positivo, com o terceiro resultado consecutivo de alta e acúmulo de 4,4% no período. Também contribuíram positivamente produtos do fumo (19,5%), madeira (5,5%), borracha e plásticos (1,3%), máquinas elétricas (1,7%), metalurgia (0,5%) e bebidas (1,1%).
Na comparação com setembro de 2024, 16 dos 25 ramos industriais apresentaram alta, com destaque para alimentos (7,1%) e indústrias extrativas (5,2%). Segundo o IBGE, o avanço nos alimentos foi disseminado — 70% dos produtos pesquisados aumentaram a produção, com destaque para sucos concentrados, carnes bovinas e de aves, açúcar e embutidos de suínos. No caso das indústrias extrativas, o crescimento veio da maior produção de óleos brutos de petróleo, minérios de ferro e gás natural.
Entre as quedas, o destaque negativo foi coque, produtos de petróleo e biocombustíveis (-7,2%), afetado pela redução na produção de etanol. “Há uma mudança na alocação da cana-de-açúcar, com usinas priorizando o açúcar em vez do álcool, por causa das condições de mercado”, explicou Macedo.

