As projeções do mercado financeiro divulgadas no Boletim Focus desta segunda-feira (22) indicam a manutenção de um cenário de cautela para a inflação em 2025, ao mesmo tempo em que as expectativas para o crescimento econômico permanecem relativamente estáveis.
A mediana das estimativas para o IPCA em 2025 ficou em 4,33%, ainda acima do teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5% considerando a margem de tolerância. Apesar de uma leve melhora em relação às projeções de quatro semanas atrás, quando o índice era estimado em 4,45%, o patamar atual reforça a percepção de que a convergência da inflação para o centro da meta seguirá desafiadora.
Para 2026, a expectativa de inflação recuou para 4,06%, mantendo trajetória gradual de desaceleração, enquanto as projeções para 2027 e 2028 seguem ancoradas em 3,80% e 3,50%, respectivamente, próximas ao objetivo de longo prazo da política monetária.
No campo da atividade econômica, o mercado manteve a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,26% para 2025, sinalizando resiliência da economia mesmo diante de condições financeiras restritivas. O número representa uma melhora em relação às projeções de um mês atrás e sugere sustentação do consumo e dos investimentos no curto prazo. Para os anos seguintes, entretanto, as projeções apontam desaceleração, com expansão de 1,80% em 2026 e 2027, antes de uma leve recuperação para 2,00% em 2028.
As expectativas para o câmbio mostram leve deterioração. O dólar passou a ser projetado em R$ 5,43 ao fim de 2025, refletindo incertezas fiscais e o ambiente internacional mais volátil. Para 2026 e 2027, a mediana segue em R$ 5,50, com pequena alta adicional em 2028.
Em relação à política monetária, o Focus reforça a visão de juros elevados por um período prolongado. A taxa Selic é estimada em 12,25% em 2026, recuando para 10,50% em 2027 e 9,75% em 2028, indicando que o mercado ainda vê necessidade de uma postura restritiva para garantir a ancoragem das expectativas inflacionárias.
Para investidores, o conjunto de dados sugere um ambiente de curto prazo marcado por crescimento moderado, inflação resistente e juros altos, o que favorece estratégias mais defensivas e seletivas, especialmente em renda fixa, ao mesmo tempo em que mantém desafios para ativos mais sensíveis ao ciclo econômico.

