Passagens aéreas e energia elétrica pressionam o índice, enquanto alimentos seguem moderando a inflação; serviços voltam a acelerar
A inflação oficial medida pelo IPCA subiu 0,18% em novembro, após avanço de 0,09% em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (10). Apesar da aceleração, trata-se do menor resultado para um mês de novembro desde 2018, mantendo o cenário de descompressão inflacionária observado ao longo do ano. No acumulado de 2025, o índice registra alta de 3,92%, enquanto a variação em 12 meses ficou em 4,46%, abaixo dos 4,49% apurados no período imediatamente anterior.
O item de maior impacto no mês foi a passagem aérea, com alta de 11,9%, contribuindo com 0,07 ponto percentual (p.p.) do índice. A energia elétrica residencial também pressionou o IPCA, com avanço de 1,27% em razão de reajustes tarifários em concessionárias. No grupo de Despesas pessoais, hospedagem subiu 4,09%, influenciada pela forte alta registrada em Belém, onde a preparação para a COP-30 impulsionou variações superiores a 170%.
Pelo lado das quedas, itens importantes da cesta alimentar ajudaram a mitigar pressões: tomate (-10,38%), arroz (-2,86%) — que acumula queda de 25% em 2025 — e produtos de higiene pessoal (-1,07%) figuraram entre as principais contribuições negativas. Com isso, o grupo Alimentação e bebidas registrou leve recuo de 0,01%, com a alimentação no domicílio acumulando seu sexto mês consecutivo de deflação (-0,20%). A alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46%.
O índice de difusão subiu para 56%, sinalizando maior disseminação de altas de preços. Ainda assim, as quedas expressivas em itens alimentícios compensaram a expansão do número de subitens em terreno positivo.
Entre os grupos monitorados, a inflação passou de -0,16% para 0,21%, puxada principalmente pela energia elétrica. Já os serviços, categoria acompanhada de perto por sua relação com a inércia inflacionária, aceleraram de 0,41% para 0,60%, refletindo o efeito da alta em passagens aéreas e hospedagem.
Nos recortes regionais, Goiânia registrou a maior variação do mês (0,44%), influenciada pela energia elétrica (13%) e pelas carnes (1,78%). Aracaju, por sua vez, teve deflação de 0,10%, com queda no conserto de automóvel e na gasolina.
No INPC, índice usado para reajustes salariais, a alta foi de 0,03%, também em desaceleração. O acumulado em 12 meses recuou para 4,18%. Em Belém, o índice caiu 0,26%, enquanto Goiânia liderou a alta (0,51%).
A leitura de novembro reforça um ambiente inflacionário relativamente controlado, sustentado pela continuidade da deflação de alimentos e pela perda de força de bens industriais — embora efeitos pontuais em serviços e energia tragam alguma resistência no curto prazo. Para a política monetária, o resultado mantém aberta a possibilidade de cortes na taxa Selic ao longo de 2026, especialmente em um cenário de desaceleração da atividade econômica e expectativas ancoradas.

