O Ibovespa emendou nesta sexta-feira (7) a 13ª alta consecutiva e renovou mais uma vez seu recorde histórico, encerrando o pregão com alta de 0,47%, aos 154.063 pontos. Foi a segunda semana seguida em que o índice fechou todos os dias no positivo — uma sequência que não acontecia desde 1994. No acumulado da semana, a valorização foi de 3,04%, o que leva o ganho de 2025 a 28,08%.
O rali da bolsa brasileira combina fatores locais e externos. Por aqui, resultados corporativos sólidos e uma temporada forte de dividendos — liderada pela Petrobras — reforçaram a confiança do investidor. Lá fora, a correção nas ações de tecnologia nos Estados Unidos provocou uma realocação de recursos de fundos internacionais, o que beneficiou mercados emergentes como o Brasil. O investidor estrangeiro voltou a enxergar a bolsa brasileira como uma oportunidade de valor, com empresas negociadas a múltiplos mais baixos e lucros crescentes.
A Petrobras foi o grande destaque da semana. As ações PETR4 subiram 3,77% e as PETR3, 4,83%, impulsionadas pelo lucro robusto do terceiro trimestre e pelo anúncio do pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos. O papel da estatal tem sido um dos principais vetores do Ibovespa em 2025, tanto pelo peso no índice quanto pela percepção de estabilidade financeira e previsibilidade na distribuição de resultados.
Além da petroleira, empresas de setores domésticos também ganharam fôlego. Marfrig (MBRF3) liderou as altas semanais, com avanço de 5,86%, seguida por SLC Agrícola (SLCE3), Fleury (FLRY3) e Cyrela (CYRE3), que reagiram ao otimismo com o consumo e com a retomada gradual do crédito. Na ponta oposta, Cogna (COGN3) e PetroRecôncavo (RECV3) tiveram as maiores quedas, em movimento de correção após fortes altas recentes.
O bom desempenho do Ibovespa contrasta com o clima de instabilidade nas bolsas de Nova York. O Nasdaq acumulou uma das piores semanas do ano, pressionado pela queda nas gigantes de tecnologia e por novas discussões sobre o risco de bolha no setor de inteligência artificial. A diferença de trajetória reforça o “descolamento” momentâneo entre os mercados, com o Brasil sustentado por fluxo externo e por fundamentos domésticos mais equilibrados.
No câmbio, o dólar encerrou a sexta-feira em queda de 0,22%, cotado a R$ 5,33. Foi o terceiro recuo seguido da moeda americana, num movimento sustentado pela alta das commodities e pela diferença de juros entre Brasil e Estados Unidos, que continua atraindo capital estrangeiro para a renda fixa e variável local.
Com o Ibovespa acima dos 154 mil pontos, o debate agora é se há espaço para novas altas. Parte do mercado vê exagero e espera alguma correção técnica nas próximas semanas. Outros analistas acreditam que a combinação de lucros fortes, fluxo positivo e perspectiva de corte de juros ainda sustenta o apetite por risco.
De qualquer forma, o rali das últimas semanas marca um momento de virada de humor na bolsa brasileira. Depois de meses de ceticismo, o mercado parece ter voltado a precificar crescimento, estabilidade e, principalmente, confiança — um ativo que vale mais do que qualquer recorde numérico.

