Mercado reduz previsões de IPCA e Selic para 2026, indicando percepção de desinflação mais rápida; cenário para 2025 permanece praticamente inalterado, com câmbio e PIB estáveis.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 24 de novembro, mostrou ajustes importantes nas projeções de inflação e taxa Selic para 2026, enquanto as estimativas para 2025 foram mantidas praticamente estáveis. As medianas refletem a leitura de analistas de que o processo de desinflação segue adiante, ainda que em ritmo moderado.
Para 2025, o mercado projeta IPCA de 4,45%, leve alta em relação à semana anterior (4,46%), mas equivalente ao patamar observado nas últimas semanas. A expectativa para o PIB permaneceu em 2,16%, assim como o câmbio, em R$ 5,40, e a Selic, em 15% ao ano.
As revisões mais relevantes apareceram em 2026. A projeção para o IPCA caiu para 4,18%, após 4,20% na semana anterior. A taxa Selic esperada recuou de 12,25% para 12%, sinalizando expectativa de política monetária menos restritiva adiante. As estimativas para PIB (1,78%) e câmbio (R$ 5,50) permaneceram estáveis.
Para horizontes mais longos, 2027 e 2028, o Focus mostra constância na maior parte dos indicadores. O IPCA é estimado em 3,80% e 3,50%, respectivamente, enquanto a Selic aparece em 10,50% (2027) e 9,75% (2028) — com leve redução na projeção para 2028.
As revisões para 2026 indicam que o mercado começa a precificar um ambiente mais favorável à desinflação, o que tende a permitir cortes adicionais de juros no médio prazo. A melhora, ainda que marginal, reforça a leitura de que o IPCA converge gradualmente em direção ao teto da meta.
A estabilidade das projeções para 2025 mostra que o mercado ainda aguarda sinais mais claros da dinâmica fiscal e dos impactos acumulados da política monetária antes de revisões mais profundas.
Se confirmada, a combinação de inflação menor e Selic mais baixa em 2026 pode aliviar o custo do crédito e apoiar uma retomada mais consistente da atividade econômica, embora o ritmo de crescimento continue moderado.
Para investidores, o quadro sugere manutenção de um ciclo de juros ainda elevados no curto prazo, mas com perspectiva de afrouxamento adiante, o que tende a influenciar curvas futuras de juros, precificação de renda fixa e decisões em renda variável. Para empresas e consumidores, uma trajetória de inflação mais benigna pode reduzir pressões de custos e melhorar condições de financiamento ao longo de 2026.

