Melhora do mercado de trabalho é sustentada pelo aumento da ocupação formal e pela redução da subutilização; massa salarial também bate recorde
A taxa de desocupação do trimestre móvel encerrado em outubro de 2025 recuou para 5,4%, igualando a menor marca da série histórica iniciada em 2012. O resultado representa queda de 0,2 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre de maio a julho (5,6%) e de 0,7 p.p. na comparação anual, quando o desemprego estava em 6,2%, segundo a Pnad Contínua divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (28).
A população desocupada caiu a 5,91 milhões de pessoas, o menor patamar da série, registrando quedas de 3,4% no trimestre (menos 207 mil) e 11,8% no ano (menos 788 mil). Apesar da melhora, o total de ocupados se manteve estável em 102,5 milhões, ainda em nível recorde, com o nível da ocupação em 58,8% da população em idade de trabalhar. O emprego com carteira assinada voltou a bater recorde, alcançando 39,182 milhões de trabalhadores formais.
A taxa composta de subutilização ficou em 13,9%, também a menor da série. Os subocupados por insuficiência de horas caíram para 4,572 milhões, menor contingente desde 2016. A força de trabalho potencial recuou a 5,2 milhões — menor desde 2015 — após ter atingido 13,8 milhões durante a pandemia, enquanto o número de desalentados caiu para 2,647 milhões, bem abaixo do pico de 2021.
De acordo com o IBGE, a redução da desocupação tem sido favorecida pela magnitude do contingente de ocupados: com mais pessoas inseridas no mercado, diminui a pressão por busca de trabalho, contribuindo para a queda da taxa de desemprego.
Embora o total de ocupados tenha permanecido estável no trimestre, dois setores avançaram: Construção (alta de 2,6%, ou mais 192 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,3%, ou mais 252 mil). O grupamento de Outros serviços recuou 2,8% (menos 156 mil). Na comparação anual, destacaram-se os avanços em Transporte, armazenagem e correio (+3,9%) e novamente em atividades da administração pública (+3,8%), enquanto houve recuo em Outros serviços e em Serviços domésticos.
A informalidade permaneceu em 37,8% da população ocupada, com 38,7 milhões de trabalhadores informais, abaixo dos 38,9% registrados um ano antes. O emprego sem carteira no setor privado ficou estável no trimestre e caiu 3,9% em 12 meses, enquanto o trabalho por conta própria somou 25,9 milhões de pessoas, crescendo 3,1% no ano.
A massa de rendimento real habitual chegou a R$ 357,3 bilhões, renovando o recorde da série, impulsionada pela combinação de ocupação elevada e estabilidade do rendimento médio. O rendimento médio real subiu 3,9% no ano, com altas concentradas em setores como informação e comunicação, agricultura, construção, administração pública e serviços domésticos.
O desempenho reforça a tendência de um mercado de trabalho mais aquecido e formalizado, com redução ampla de indicadores de ociosidade. Para a economia, o quadro favorece o consumo das famílias e dá sustentação ao crescimento da renda, ainda que parte dos setores de serviços apresente acomodação.

