Decisão, amplamente esperada pelo mercado, mantém juros no maior nível desde 2016 e repete tom conservador dos últimos comunicados
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (10), manter a taxa Selic em 15% ao ano, interrompendo qualquer expectativa de flexibilização monetária no curto prazo. A decisão já era amplamente antecipada pelo mercado, mas o foco estava no tom do comunicado — que permaneceu praticamente idêntico ao dos meses anteriores, reforçando o compromisso da autoridade monetária com a cautela.
Segundo o Copom, o ambiente externo segue incerto, especialmente devido à conjuntura econômica nos Estados Unidos e à condução da política monetária pelo Federal Reserve. O comitê destacou que a volatilidade nas condições financeiras globais ainda impõe riscos relevantes para países emergentes, exigindo postura conservadora na condução da política monetária doméstica.
No comunicado, o BC reiterou que continua monitorando a dinâmica inflacionária, especialmente os núcleos e os componentes mais sensíveis à atividade econômica e às expectativas. Apesar da desaceleração observada nos índices de preços, o Copom afirma que o processo de desinflação ainda demanda prudência, dado o impacto das incertezas fiscais e do cenário internacional.
A decisão de manter a Selic em 15% preserva a estratégia de continuidade adotada pelo Banco Central desde meados do ano, com o juro real brasileiro permanecendo entre os mais elevados do mundo. O Comitê reforçou que futuros passos dependerão da evolução da trajetória fiscal, do comportamento das expectativas de inflação e do ambiente externo — especialmente a convergência da política monetária norte-americana.
Para o mercado, a manutenção do discurso praticamente inalterado sinaliza que o BC ainda não vê condições para iniciar um ciclo de cortes. Analistas entendem que apenas uma combinação de inflação persistentemente baixa, atividade moderando e maior visibilidade sobre a política monetária dos EUA poderá abrir espaço para flexibilização ao longo de 2026.
A decisão, portanto, reforça o cenário de estabilidade da Selic no curto prazo, com o Banco Central indicando que continuará priorizando a ancoragem das expectativas e a redução consistente da inflação rumo à meta.

