Envelhecimento populacional acelera e permanência no trabalho cresce após a pandemia; renda dos idosos supera média geral, mas desigualdades de gênero e raça permanecem
A população idosa de 60 anos ou mais chegou a 34,1 milhões de pessoas em 2024, um avanço de 53,3% desde 2012, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2025 divulgada pelo IBGE. O estudo mostra que 1 em cada 4 idosos estava ocupada em 2024, com nível de ocupação de 24,4%, reflexo do aumento da expectativa de vida, da reestruturação dos arranjos familiares, da elevada informalidade e dos efeitos da reforma da Previdência, fatores que vêm estimulando a permanência prolongada no mercado de trabalho.
As taxas de desocupação (2,9%) e subutilização (13,2%) entre os idosos foram significativamente inferiores às médias gerais da população (6,6% e 16,2%, respectivamente). Entre 60 e 69 anos, 48% dos homens e 26,2% das mulheres estavam ocupados; acima dos 70 anos, ainda permaneciam ativos 15,7% dos homens e 5,8% das mulheres. A analista Denise Freire destaca que a participação do grupo cresceu ao longo da série, com queda apenas durante a pandemia, seguida pela recuperação mais intensa entre 2022 e 2024.
O avanço da ocupação idosa ocorre sobretudo em formas de trabalho que oferecem maior autonomia: 43,3% atuavam como conta própria e 7,8% como empregadores, proporções muito superiores às observadas na população geral (25,2% e 4,3%). A renda desse grupo também se destaca: o rendimento médio real habitual dos idosos (R$ 3.108) foi 14,6% maior que o da população com 14 anos ou mais. Ainda assim, persistem desigualdades relevantes: mulheres idosas receberam em média R$ 2.718, 33,2% menos que os homens (R$ 4.071), e pessoas pretas ou pardas receberam R$ 2.403, quase 49% abaixo da média das pessoas brancas (R$ 4.687). No recorte por hora trabalhada, idosos ganhavam R$ 25,60, quase o dobro da média dos jovens de 14 a 29 anos (R$ 13,30).
O relatório também revisita o quadro geral do mercado de trabalho. Em 2024, a taxa de desocupação caiu a 6,6%, o menor nível da série iniciada em 2012, enquanto o nível de ocupação atingiu 58,6%. O emprego com vínculo formal e o sem vínculo seguiram caminhos opostos: trabalhadores sem carteira e conta própria passaram a representar 46,5% dos ocupados, enquanto aqueles com vínculo alcançaram 47,9%. Em termos absolutos, a população ocupada total cresceu 2,6 milhões frente a 2023, atingindo 101,3 milhões de pessoas, recorde histórico.
A composição etária da força de trabalho também mudou. Jovens de 14 a 29 anos perderam participação estrutural: eram um terço dos ocupados em 2012 e caíram para 26,5% em 2024, após atingirem o piso de 25,8% durante a pandemia. Já os grupos de 50 a 59 anos e 60+ aumentaram sua presença, passando de 19,1% do total em 2012 para 24,3% em 2024. A faixa intermediária (30 a 49 anos), embora historicamente dominante, caiu para 49,2%, patamar próximo ao observado em 2015.
As desigualdades de rendimento seguem marcantes. Em 2024, pessoas brancas ganhavam em média 65,9% mais que pretas ou pardas, e homens recebiam 27,2% mais que mulheres. A média salarial chegou a R$ 3.108, alta de 3,5% no ano e de 10,8% em termos reais no biênio 2023–2024. Entre os grupos ocupacionais, “Diretores e gerentes” lideraram os rendimentos (R$ 8.721), enquanto o trabalho doméstico registrou remuneração média de R$ 1.241, menos de 40% da média total.
Regionalmente, Norte e Nordeste permaneceram abaixo da média nacional, com rendimentos equivalentes a 76,4% e 69,5% do total país, respectivamente. Maranhão (R$ 2.051) e Ceará (R$ 2.053) tiveram os menores rendimentos médios, enquanto Distrito Federal (R$ 5.037) e São Paulo (R$ 3.884) registraram as maiores remunerações.
Para o mercado de trabalho e para a política pública, os dados reforçam duas tendências estruturais: o rápido envelhecimento da força de trabalho — acompanhado por maior permanência dos idosos em atividades econômicas — e a persistência de desigualdades salariais, apesar dos avanços recentes na renda média.

