Assembleia em 19 de dezembro votará criação de novas classes de ações e distribuição de parte das reservas de lucro, que somam R$ 39,9 bilhões
A AXIA Energia (Eletrobras) convocou para 19 de dezembro uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que votará uma ampla reorganização de suas classes acionárias e a distribuição, total ou parcial, de suas reservas de lucro — que somavam R$ 39,9 bilhões no 3º trimestre de 2025. A operação combina bonificação em ações, conversões entre classes e criação de papéis resgatáveis, com o objetivo de preservar a flexibilidade financeira da companhia, evitar diluição e manter o diferencial econômico das ações preferenciais.
O plano prevê a criação de uma nova classe de ações preferenciais resgatáveis e/ou conversíveis até 2031 (PNC), que será distribuída a todos os acionistas na proporção de sua participação. Também será criada uma classe PNR, resgatada imediatamente e destinada aos detentores de PNA e PNB, viabilizando o pagamento do prêmio de 10% sobre dividendos a que essas categorias têm direito.
As PNCs terão direito de voto, tag along de 100% e dividendos equivalentes às ações ordinárias, podendo ser tanto convertidas em ON na proporção de 1:1 até 2031 — seguindo cronograma de conversão anual mínima — quanto resgatadas a qualquer momento pelo preço de mercado, a critério do conselho. A companhia também propõe ajustar o estatuto para que os gatilhos de poison pill passem a considerar a concentração de capital votante, e não apenas a base de ações ON.
No caso das preferenciais existentes, cada ação PNA será convertida em PNA1 + uma PNR, e cada PNB em PNB1 + uma PNR, mantendo os mesmos direitos econômicos das classes originais, acrescidos de tag along de 100%. Após o resgate das PNRs e a bonificação, os acionistas passarão a deter ON e PNC (no caso dos ordinaristas) ou PNA1/PNB1 e PNC (no caso dos preferencialistas).
O valor a ser capitalizado e a quantidade de PNCs a serem emitidas serão definidos pelo conselho antes da AGE, garantindo transparência sobre o montante bonificado e o valor de resgate das PNRs — calculado como 10% do valor capitalizado dividido pelo total de ações antes da assembleia.
As PNCs poderão ser compulsoriamente resgatadas caso algum acionista ultrapasse limites pré-estabelecidos de concentração de voto, instrumento desenhado para preservar o modelo de capital pulverizado. A proposta inclui ainda a concessão de 100% de tag along para as ações ON, equalizando direitos entre todas as classes.
A empresa afirma que a reestruturação fortalece a disciplina de capital e a geração de valor, alinhando a governança à nova estrutura societária. Para investidores, a operação tende a reduzir incertezas sobre o tratamento das preferenciais e aumenta a previsibilidade dos fluxos de dividendos e conversões até 2031.
