A B3 (B3SA3) reportou lucro líquido de R$ 1,25 bilhão no 3º trimestre de 2025, um avanço de 3,5% sobre o mesmo período de 2024. O resultado foi sustentado pela expansão do mercado de renda fixa e crédito e pelo desempenho das áreas de tecnologia e dados, que compensaram a fraqueza nos volumes de renda variável e derivativos.
A receita total somou R$ 2,77 bilhões, crescimento de 2% em 12 meses, enquanto o EBITDA recorrente chegou a R$ 1,73 bilhão, com margem de 69,5% — levemente abaixo do ano anterior. O lucro por ação aumentou 11,6%, impulsionado pela recompra de ações, que já retirou de circulação 125 milhões de papéis, o equivalente a 2,3% do capital social.
O trimestre reforçou a importância da diversificação de receitas no modelo da B3. As linhas de renda fixa e crédito avançaram 20,9%, com R$ 8,4 trilhões em custódia, enquanto as receitas de soluções analíticas de dados cresceram 18,2%, refletindo a expansão nas plataformas de crédito, seguros e prevenção de perdas. Já tecnologia e plataformas subiram 13%, acompanhando o aumento de clientes e do uso de sistemas de balcão e custódia de fundos.
Por outro lado, a renda variável seguiu pressionada pelo cenário de juros altos. O volume médio diário negociado no mercado à vista caiu 6,5%, para R$ 21,8 bilhões, mesmo com o avanço dos BDRs, que cresceram 41,3% e já representam 16% do volume total. O segmento de derivativos também recuou 7,1%, com queda expressiva de 42,4% nos contratos futuros de criptoativos.
A despesa total ficou praticamente estável, em R$ 841 milhões, alta de apenas 1,2%, reforçando a eficiência operacional. O resultado financeiro, de R$ 61,4 milhões, foi menor que em 2024 devido à liquidação antecipada de debêntures, mas a companhia reduziu o custo médio da dívida com nova emissão de R$ 2,6 bilhões a CDI + 0,45% ao ano.
Durante o trimestre, a B3 também avançou em aquisições estratégicas, comprando 62% da Shipay e 60% da CRDC, ampliando sua presença na infraestrutura de crédito e no registro de duplicatas.
No campo da sustentabilidade, lançou a primeira plataforma brasileira de registro de créditos de carbono e iniciou a revisão da metodologia do ISE B3, que será aplicada a partir de 2026.
Com margens elevadas, estrutura de capital sólida e uma estratégia de diversificação que mitiga a volatilidade da bolsa, a B3 mantém posição confortável no mercado. O desafio continua sendo reverter a fraqueza estrutural da renda variável, ainda contida pelo custo de capital elevado e pela competição crescente das novas plataformas de investimento.
