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    Home » O BREVE ADEUS DE ABRAVANEL
    A Crônica da Semana

    O BREVE ADEUS DE ABRAVANEL

    Pedro Paulo PaulinoPor Pedro Paulo Paulino23/08/20242 Comentários4 minutos de leitura
    Em dezembro de 1975, Silvio conquista a concessão de seu primeiro canal de televisão, colocando no ar em 14 de maio de 1976 a TV Studios Silvio Santos. Foto: Francisco Rosa/SBT
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    A vida do apresentador de televisão Silvio Santos foi toda um espetáculo. O pai nasceu na Grécia, a mãe na Turquia, e ele no Rio de Janeiro. Certa vez na infância, com sintomas de gripe, foi impedido pela mãe de ir ao cinema. Chateado, insistiu. A mãe disse não, e pronto. Durante a sessão, o cinema pegou fogo, deixando muitos feridos. Camelô de rua, ele já era um espetáculo, vendendo capas para título de eleitor, dizendo que cada unidade era a última do estoque. Em um concurso de rádio, tirou o primeiro lugar como locutor. Mas preferiu voltar ao comércio ambulante em que faturava mais. No exército, entrou para Escola de Paraquedistas, algo espetacular.

    Saiu do exército, voltou ao rádio e ao comércio, vendendo relógios, joias, colares e sapatos sob medida em escritórios e repartições públicas. A rua, o circo, o cinema, o rádio, a televisão e o palco espetacular do povão Brasil afora foram seu mundo, por décadas a fio, emblema de várias gerações, cruzando a linha do século e do milênio, em total atividade, até bem dizer o dia de sua morte. Da velha tevê de tubo em preto e branco ao sofisticado sinal eletrônico, o fio condutor de sua vida foi o sucesso. Abravanel era em si mesmo um espetáculo.

    Silvio Santos foi enterrado no domingo, 18 de agosto, sem glamour e sem público. Majestade da televisão, era de se esperar que seu enterro fosse também um espetáculo, como sempre é o enterro de celebridades. Que seu corpo, embalsamado, ficasse exposto à visitação de uma fila imensa de fãs por, pelo menos, uma semana; que autoridades da imprensa, das artes, dos negócios, da política, nacional e internacional, prestigiassem as cerimônias fúnebres; que em peregrinação, o caixão desfilasse por ruas e avenidas, até à última morada, onde uma multidão se despedisse de seu ídolo, enterrado até quem sabe com honras de estado. E que, por fim, a mídia explorasse até o esgotamento, detalhe por detalhe, o funeral.

    Mas não. O último adeus de Abravanel foi de uma brevidade e discrição fora do comum. Morreu num dia, foi enterrado no dia seguinte, conforme havia pedido e segundo as regras do judaísmo. E só não desceu ao túmulo na mesma tarde, porque sábado é dia de descanso para os judeus, e nem enterro acontece, ficando para o domingo. A cerimônia foi restrita a pouquíssimas pessoas, e Silvio Santos, a exemplo do Lombardi dos seus bastidores, tornou-se invisível para sempre.

    O ritual judaico para o derradeiro adeus, desde a morte ao sepultamento, deve ser uma regra digna de aplausos. Proibir a exposição do morto à curiosidade pública, evitar o culto ao corpo inanimado, restringir as exéquias à família e íntimos e providenciar em poucas horas o enterro é algo, digamos, louvável. Tumulto, badalação, tietagem e correria em torno do defunto são costumes, digamos, deploráveis e primitivos da espécie Sapiens. Pois nada mais grotesco há do que o finado, com cara de palerma, esticado no esquife, sendo cortejado por uma legião de curiosos sem mais compromisso algum do que simplesmente sair badalando que viram o defunto.

    Sem falar também, que os lambe-botas da última hora representam a pior escória dos aduladores. O bajulador de defunto, para fazer média com os parentes vivos, não tem comparativo na degradação do caráter humano. São as falsas línguas que comparecem nos velórios, para as quais, é raro o morto que não tenha sido a pessoa melhor deste mundo.

    Silvio Santos, dentre muitas conquistas em vida, teve no fim a glória de embarcar no baú da eternidade da forma mais prosaica, saindo à francesa do espetáculo do mundo, de mansinho, pela porta dos fundos, para um território onde somente o vento e as almas, em clima de suspense, deviam confabular dizendo: Silvio Santos vem aí.

    Embora, em nome da verdade, tenha-se a irresistível sensação de querer lamentar, contemplando os 93 anos do incomparável animador, que, francamente, foi tão longa vida, para tão curto adeus.

    Pedro Paulo Paulino

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    Pedro Paulo Paulino
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    Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.

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    View 2 Comments

    2 Comentários

    1. Arlando Marques sobre 23/08/2024 12:58

      Excelente texto, como sempre, Pedro Paulo.
      Grande abraço!

      Responder
    2. PEDRO GERVÁSIO MOREIRA MARTINS sobre 23/08/2024 14:07

      Poeta amigo PPP a cada semana superando a se próprio, trazendo textos de excelente qualidade sobre assuntos pertinentes do nosso cotidiano, com muita clareza. Parabéns e, abraços fraternos.

      Responder
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